Primeiro; digo que há a cor concreta adjetiva, que se rompe, que permite o cinza sempiterno, cuja condição é ser no colorido; e há a cor abstrata substantiva, uma ideia platônica que subsiste por si só. Nem uma nem outra tem valores absolutos e o pintor lida com as duas.
No seu quadro em (ver figura 1) o preto, ou vários escuros, que são pintados, é mais abstrato e por contraste valoriza o colorido dando-lhe luminosidade. E esse preto não contorna nenhuma figuração. Conceitualmente podemos dizer que você lida como permanente (o preto ou escuros) e o transitório (o colorido), ou com uma ausência (de uma figuração) e uma presença (do colorido).
Repare que Cézanne deixa o branco da tela não pintado para também, por contrastes, valorizar o colorido (Ver fig 2)
Não conheço nenhum artista trabalhando o espaço plástico como você o faz. Parabéns por essa criatividade que pode ter muitos desdobramentos.
José Maria Dias de Cruz – Florianópolis, junho de 2016
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