Digo que não há um espaço cromático e um espaço gráfico em termos absolutos. Portanto, nunca chegaremos a uma conclusão absoluta, temos que considerar sempre uma subjetividade, ou uma posição de uma testemunha.
Há uma ideia de linha que está impregnada em nosso pensamento, esta que foi definida pela geometria euclidiana. Daí Cézanne ter afirmado que a linha não existe em absoluto. Daí um desenho que considera essas linhas euclidianas, sendo mais uma ideia do que um fenômeno, ou seja, somente existente em nossos cérebros, se tornarem atemporais.Consequentemente esses desenhos, baseados na ideia de linha euclidiana, criarem um espaço gráfico também atemporal. Temos que observar, considerando sempre os valores não absolutos, que esses desenhos, baseados na geometria euclidiana, quando realizados, tornam-se fenômenos, mas o conceito que os sustentam são puras abstrações. As linhas, assim como as cores, são abstratas substantivas. Diremos, então, que esses desenhos criam espaços gráficos atemporais. Tenho aqui que considerar que há desenhos, estes acromáticos, estes levando em conta mais os contraste claro-escuros, e como exemplo podemos mostrar os trabalhos de Seurat e Percy Lau, este último um artista tão pouco estudado. Veja abaixo.
Creio que podemos pensar em uma linha além da geometria euclidiana se considerarmos o serpenteamento vinciano que se baseia em uma visão bi ocular. Cézanne diz que não basta ver, faz falta a reflexão. Essa afirmação pode ser desdobrada: não basta a reflexão, tem que haver a realização. Então uma linha realizada e pensada como um serpenteamento torna-se um fenômeno que pode criar um espaço gráfico temporal.
Diremos agora que uma linha serpenteante também não existe como fenômeno, é apenas uma potência assim como o cinza sempteterno. Quando ela se realiza como fenômeno, se torna visível, quando então mostra sua potencialidade que anima o espaço plástico.
Nos desenhos abaixo, um de Cézanne e outro de Steimberg podemos observar que são espaços gráficos temporais. No desenho de Cézanne (fig. a) há mais contrastes do que linhas. No de Stemberg (fig. b) há linhas (traços) que serpenteiam, não as percebemos como contornos absolutos.
Os quadros de Mondrian pintados em com horizontais e verticais, a três cores, vermelho azul e amarelo, e esbranquiçados foram por ele mesmo considerados desenhos coloridos (fig c). Ele não os negou, apenas partiu para novas experiências. Esses quadros, como desenhos coloridos, criam espaços plásticos gráficos atemporais.