Frase de Leonardo: “Devemos observar com muito cuidado os limites de qualquer para julgar se suas voltas participam de curvaturas circulares ou concavidades angulares”.
Fig. 1 – Fecha-se o olho direito. Observe-se o objeto com o esquerdo. Tem-se o limite do objeto no ponto a.
Fig. 2 – Observe-se só com o olho direito. O limite do objeto: ponto b.
Fig. 3 – Com a visão bi ocular o limite do objeto está entre os pontos a e b. Aparentemente e o objeto gira em torno de um eixo. (Curvaturas circulares).
Fig. 4 – Entre a e b um linha serpenteante, ou ondulante, ou pendular, dinamiza-se.
Fig. 1 – Observe-se o objeto somente com o olho esquerdo. Os pontos a e a’, além, tornam-se invisíveis.
Fig. 2 – Observe-se com o olho direito. O ponto a’ linha torna-se visível e o a invisível.
Fig. 3 – Com uma visão bi ocular o objeto aparentemente se move horizontalmente.
Fig. 4 – Os pontos A, B e a’ criam um triângulo e uma linha serpenteante a anima o espaço. (Concavidades angulares)
Observações:
As curvaturas circulares e concavidades são simultâneas.
Frase de Poussin; “Há duas maneiras de se ver o objeto, Ou se vê simplesmente, e neste caso apenas se considera o aspecto desse objeto. Ou se ver prospectivamente, e neste caso temos que considerar o saber do olho, os eixos visuais e as diversas distâncias.”
Frase de Leonardo da Vinci; ”Se as figuras que não expressam o pensamento estão mortas duas vezes.”
“Se as figuras não fazem os gestos vivos que mediante seus braços expressam o conceito de suas mentes, Tais figuras estão mortas duas vezes, pois mortas estão essencialmente, pois a pintura não é viva, senão expressão sem vida de coisas vivas, e se não se acrescenta a vivacidade do gesto, morrem por uma segunda vez.”
As curvaturas circulares e concavidades angulares animam os objetos e o espaço plástico. Temos então vida, morte e ressurreição.
O rompimento do tom, as clores simples de Leonardo da Vinci descarte do círculo iluminista.
Cézanne, a Cabana do Jordão
Vejamos a chaminé da cabana. Ela serpenteia. Vemos o céu que está atrás dela.
E nesse quadro temos uma porta e se passarmos por ela entraremos no céu e se dele sairmos entraremos no espaço plástico. Cézanne diz que entre o objeto e o pintor se interpõe um plano, a atmosfera. Faz assim coincidir o espaço plástico com esse no qual nos orientamos. Uma questão topológica, pois há uma fronteira entre um espaço e outro.
Vida, morte e ressurreição.
Frase de R.M Rilke de seu Livro, Cartas sobre Cézanne: “Por isso, por Cézanne ter a ver tanto comigo agora, noto que me tornei um trabalhador, em um longo caminho talvez, e provavelmente só nas primeiras milhas; mas, apesar disto, já posso compreender o velho homem que foi a um lugar distante, lá na frente, sozinho”
O cinza sempiterno e o serpenteamento vinciano
Na passagem de um vermelho para a sua oposta, o verde há um ponto, o cinza sempiterno, um não espaço e um não tempo. Ele é um pré ou pós-fenômeno, pois todas as cores de um colorido para ele divergem ou convergem. Como um colorido total nos é interditado pintamos sempre uma fração do espaço.
Em cada intervalo desse diagrama temos, por contraste, um cinza sempiterno. Ou seja, cada intervalo não tem uma cor com uma expressão única. Eles são ora são mais avermelhados, ora esverdeados. E mais ainda. No sexto intervalo, por exemplo, Ao lado do quinto e avermelhado, ao lado de sétimo, esverdeado. E entre esses avermelhado e esverdeados o cinza sempiterno que serpenteia.
Assim podemos pensar em uma geometria das cores. Uma geometria não euclidiana. A linha e o ponto nesse caso são potencialmente ativos, dinâmicos. A linha euclidiana é estática e incolor.
José Maria Dias da Cruz.